Existe um denominador comum em absolutamente todas as rodas de conversa entre mulheres quando o assunto é sexualidade: a falta de libido e a diminuição da sensibilidade íntima.

Essas questões surgem em relatos que variam entre o “não consigo chegar lá”, “é bom, mas eu não tenho orgasmo  e tá tudo bem” até o clássico, mas preocupante “não consigo ficar excitada, então dói um pouco no começo”. Muitas vezes, a mulher nem consegue nomear o que está acontecendo com o próprio corpo — e essa é uma realidade silenciosa, solitária e cercada por tabus, culpa e uma aceitação forçada do que não deveria ser normal.

É justamente por isso que precisamos falar sobre esse assunto com seriedade e carinho. Buscar uma vida sexual prazerosa e satisfatória é um objetivo saudável, tanto do ponto de vista físico quanto emocional.

Mas afinal, o que pode levar à perda de libido?

Uma questão multifatorial

A falta de desejo sexual quase nunca tem uma única causa. Ela é multifatorial — ou seja, resultado de um conjunto de fatores que se entrelaçam. Conhecer essas possíveis causas é o primeiro passo para compreender melhor o que o corpo está dizendo e buscar alternativas que façam sentido para você.

1. Alterações hormonais

A queda de estrogênio, progesterona e testosterona, comum na menopausa, no pós-parto e durante o uso de anticoncepcionais ou medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos, impacta diretamente o desejo sexual e a lubrificação natural da mulher. E isso interfere na vontade, na excitação e na sensação de prazer.

2. Saúde emocional

Ansiedade, depressão, estresse e outros desequilíbrios emocionais podem afetar a produção de neurotransmissores como dopamina e serotonina, responsáveis pela sensação de prazer. A conexão entre corpo e mente é tão profunda que, mesmo com estímulo físico, a mulher pode não sentir desejo genuíno ou prazer real.

Sim, eu sei que você percebeu que eu falei que tanto os sintomas da depressão e ansiedade quanto os medicamentos usados no tratamento podem interferir na libido. Mas isso não significa que você deve abandonar seu tratamento! Existem formas de contornar essa situação e cuidar de todas as camadas da sua saúde e nós vamos falar disso nos próximos posts.

3. Relacionamentos e comunicação

Brigas, distanciamento emocional, falta de comunicação, ressentimentos e a rotina cansativa têm o poder de apagar o desejo. A qualidade da relação afetiva interfere profundamente na saúde sexual e vice-versa. A verdade é que sexo e vínculo andam juntos, e quando o vínculo se enfraquece, a libido sente.

(Esse tema merece até um post só pra ele, né? Já está na nossa lista!)

4. Traumas e crenças limitantes

Traumas sexuais, educação repressora, vergonha do corpo, culpa ao sentir prazer… Tudo isso pode gerar bloqueios inconscientes que impedem a mulher de acessar e viver sua própria sexualidade com liberdade. São camadas profundas, mas totalmente possíveis de serem trabalhadas com suporte adequado.

Cada mulher é única

Não existe um diagnóstico universal para a falta de libido — nem um único caminho para resgatar o prazer. Cada mulher é única, com uma história, um corpo e uma vivência afetiva singular. Por isso, é importante observar os sinais com cuidado e buscar uma abordagem que leve em conta suas individualidades e necessidades.

E se você sente que está vivendo isso, saiba: não está sozinha, e não precisa se conformar nem sentir vergonha. A uma vida sexual saudável só trás benefícios para nosso corpo e mente e não deve ser subestimada ou varrida para baixo do tapete.

No próximo post da série, vamos falar sobre a perda de sensibilidade na região íntima. Quando o desejo até existe, mas o corpo parece não responder. Um incômodo silencioso mas que pode (e deve!) ser acolhido com amor, informação e cuidado.

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